terça-feira, fevereiro 21, 2006

Johnny e Tim

Uma das grandes virtudes de Tim Burton é saber escolher com quem deve ou não trabalhar. No entanto, em determinadas ocasiões, isto parece ser impossível, dada a pressão que produtores, estúdios e capitalistas de Hollywood em geral fazem para que o diretor escolha o ator mais popular, ao invés do mais adequado. Burton, porém, sempre lutou em favor dos atores que queria, como já foi mencionado no post do Batman sobre Michael Keaton.

Alguns erros de casting podem ser fatais para a qualidade artística de um filme. Dá pra imaginar como seria ir ao cinema e ver um filme em que Tom Cruise fizesse o papel de um excluído social a la Frankenstein que tivesse tesouras no lugar das mãos? E se neste mesmo filme com o Mr. Cruise, não acontecessem explosões, corridas de carro, procuras por armas secretas governamentais, perseguições frenéticas e, além de tudo, ele não ficasse com a mocinha no final?

Pois é exatamente isto que teria acontecido se Cruise tivesse aceitado o papel principal no filme "Edward mãos de tesoura". Imagine, caro leitor, como teria sido se o pedante e falso sorriso de Tom Cruise fosse trocado pelo doce e ingênuo olhar de Johnny Depp. Obviamente, o filme teria tomado rumos que hoje são impossíveis de se prever (ao menos para esta que vos escreve, por, infelizmente, não possuir uma bola de cristal).

Ironicamente, a grande sorte (eu disse ironicamente) foi que Tom teve que recusar o roteiro de Burton porque deveria iniciar as filmagens de "Dias de trovão" na mesma época (o que só reforça a teoria que diz que há males que vão para bem).

Com Tom fora do projeto, outros nomes foram cogitados. Tom Hanks e Robert Downey Jr. fazem parte de uma vasta lista de possíveis Edwards e sabe-se que até Michael Jackson interessou-se pelo papel, mas não foi convidado para os testes. Finalmente, Johnny ouviu falar sobre o personagem pela então namorada Wynona Rider, já escalada para o papel de Kim. Tim conheceu Johnny, os dois se apaixonaram e o resto é história.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Batman – 1989

Batman (1989) pode ser considerado um dos filmes mais polêmicos de toda a filmografia de Burton. Na época em que o filme começou a ser produzido, a pressão sobre o diretor (ainda pouco conhecido) era enorme. Os quadrinhos do super herói já possuía uma legião de fãs, e o maior temor era que se repetisse o estilo da série de TV, que parecia mais uma piada do que uma história. Sem se deixar levar pelos comentários na mídia, Burton seguiu seu trabalho junto aos roteiristas criando algumas modificações na história original, deixando o personagem Batman com mais profundeza psicológica (termos usados pelo próprio Burton).

A polêmica em torno do filme voltou durante a escalação do elenco, a escolha de Michael Keaton foi um choque para os críticos de cinema e o público em geral. Keaton na época era conhecido apenas por papéis em comédias, e ninguém podia imaginar o ator no papel do herói mascarado. Mais uma vez, foi questionado se o filme não se transformaria em uma versão longa-metragem da série de má qualidade dos anos 60.

Apesar de todos os problemas com a crítica antes da conclusão do filme, Batman entrou para a história do cinema. O filme foi o primeiro na história de Hollywood a produzir lucro com merchandising. Hoje em dia é comum pensar em chaveiros, canetas, camisetas, bonés etc sendo vendidos no período de lançamento de um filme, mas, na época, os estúdios ainda não investiam neste tipo de comércio. Batman foi o primeiro, chocando os produtores quando grande parte do público compareceu às estréias usando camisetas e bonés com o símbolo do morcego. O filme, de 126 minutos, teve um custo de 35 milhões de dólares, valor alto para a época de sua realização, e lucrou mais de 251 milhões só nos Estados Unidos, isso mesmo, com esse lucro o filme poderia ter sido feito mais de 7 vezes. Não é absurdo dizer que Batman foi o marco do início da era das mega produções milionárias de Hollywood.



A participação de Jack Nicholson no projeto foi outro elemento que colaborou para o sucesso de Batman. A ator consagrado trouxe peso e seriedade para a produção, cessando as dúvidas dos críticos sobre a qualidade do filme. Convencer Nicholson de aceitar o papel de Curinga (Joker) foi um desafio para Burton, o diretor foi ‘obrigado’ pelo ator a cavalgar, Nicholson só aceitaria o papel se Tim o fizesse. Apesar de seu pânico de cavalos, Burton aceitou o desafio. O público agradece, pois a atuação de Nicholson, como era de se esperar, se destaca no filme, sendo que algumas críticas chegaram a argumentar que o filme deveria se chamar Joker e não Batman.

Quem surpreendeu foi Michael Keaton que demonstrou uma qualidade cênica nunca vista em seus trabalhos anteriores, o ator representou um herói sombrio, distante e com um olhar profundo expressando toda a complexidade do personagem idealizado por Burton. “O Batman não poderia ser outro ator, ele é um homem comum com um passado conturbado que o transformou em um justiceiro da noite”, diz Burton.



Outro papel de destaque foi o de Kim Basinger, representando Vicki Vale, a fotógrafa que conquista o coração do herói. Kim foi chamada para o filme 24 horas antes do início das filmagens, a atriz que faria o papel originalmente, Sean Young, havia sofrido um acidente e escolheram Kim como substituta. (Atenção para este nome, Sean causa polêmica no behind the scenes de Batman O Retorno (1992) – assunto de outro post).

E claro, Michael Gough não pode ser esquecido no papel do simpático mordomo de Bruce Wayne. O ator foi capaz de expressar perfeitamente a qualidade paterna para Bruce sem perder os limites criados pela tradição de mordomos ingleses.

Durante as filmagens, a crítica ou a reação do público não exerceu muita influência sobre o elenco ou a equipe, as filmagens aconteceram em uma região próxima a Londres, em um antigo estúdio. Mas, após o lançamento do filme, muitos fãs dos quadrinhos de Bob Kane reclamaram das modificações feitas em elementos da história, as principais eram: Alfred levar Vicki até a bat-cave e Joker ser apresentado como o assassino dos pais de Bruce (já que nos quadrinhos, são pessoas diferentes). Apesar da reclamação dos fãs, Bob Kane se mostrou bastante satisfeito com o resultado do trabalho de Burton, sendo que ele próprio colaborou com alguns elementos estéticos do filme.



O aspecto visual do filme chamou bastante atenção e é mencionado sempre quando o assunto é Tim Burton. Um filme extremamente escuro, com ambientes góticos. A cidade de Gotham City é uma representação da Nova York dos anos 40 misturada com um clima londrino e, ao mesmo tempo, atemporal e única. Esses elementos se destacaram para público e crítica, o que foi fundamental para o reconhecimento do nome de Tim Burton.


Batman – Ficha Técnica

Uma distribuição Warner Brothers
Baseado em revistas publicadas pela DC Comics Inc.
Direção: Tim Burton
Música: Danny Elfman (incluindo performances de Prince)
Edição: Ray Lovejoy
Direção de Fotografia: Roger Pratt
Figurino: Bob Ringwood e Linda Henrikson
História: Sam Hamm e baseado em personagens de Bob Kane
Roteiro: Sam Hamm e Warren Skaaren
Produção: Jon Peters e Peter Guber
Produção Executiva: Benjamin Melniker e Michael E. Uslan
Co-produtor: Chris Kenny
Ano: 1989


Alguns sites sobre o filme e o personagem Batman:

Batman no IMDB
Batman by Warner
Batman The Animated Series
Batman on Film (cuidado, muitos pop ups)