quinta-feira, agosto 13, 2009

Capítulo 1

Continuando a publicação do resultado do nosso trabalho, segue o primeiro capítulo da monografia, dedicado a apresentar o cineasta.

Timothy William Burton


Timothy William Burton, mais conhecido como Tim Burton, nasceu em 25 de agosto de 1958, na pequena cidade de Burbank, no estado da Califórnia, Estados Unidos. Algumas fontes que tratam sobre sua vida afirmam que Tim teve uma infância conturbada e ela é a origem de sua criatividade bizarra e de sua personalidade excêntrica. Entretanto, o próprio Burton declara que em sua infância não existiram muitos eventos peculiares, ele possuía amigos e brincava como qualquer outra criança.

A primeira coisa que as pessoas perguntam quando eu menciono que conheço o Tim Burton é: ‘Ele é estranho?’ (...) sim, ele é o que alguns chamam de ligeiramente excêntrico (...) mas após passar um tempo na companhia de Burton você pode começar a ter a sensação de que talvez, só talvez, todos nós é que somos os estranhos, e ele, o único completamente são.
(MILLS, 2002:147)

O cineasta não possui nenhuma biografia oficial, mas algumas de suas declarações revelam um pouco da sua história, principalmente, no livro “Burton on Burton”, no qual, em entrevista a Mark Salisbury, Burton explica um pouco mais sobre sua vida pessoal e seu trabalho como diretor.

Ainda jovem, Burton tinha problemas em aceitar o subúrbio onde morava, o que se tornou referência recorrente e reconhecível em seu trabalho. Burbank é conhecida como a cidade que acolhe os grandes estúdios de Hollywood, ela faz parte da Grande Los Angeles, mas mantém características de cidades interioranas. Apesar da proximidade com uma grande capital, “Burbank é um arquétipo de um subúrbio de classe trabalhadora americana. Ambiente no qual Burton se sentia alienado desde a juventude, o que, mais tarde, é retratado em Edward Mãos de Tesoura” (BURTON; SALISBURY, 2000:1).

Burton, desde muito jovem, já demonstrava um gosto pelo cinema e uma criatividade de destaque. Era um estudante ‘preguiçoso’ que nunca leu um livro como tarefa e, para conseguir pontos, fazia pequenos filmes sobre os assuntos tratados na matéria. Quando perguntado se pensava em ser cineasta, Tim Burton diz: “Eu, na verdade, nunca pensei em realmente fazer filmes como um meio de vida. Talvez em algum lugar bem guardado, mas eu nunca conscientemente disse que queria ser um diretor. Eu gostava de fazer filmes. E me ajudava a passar na escola” (BURTON; SALISBURY, 2000:6). Além dos filmes, Burton demonstrava um interesse grande por desenho, sendo que, na época de halloween ganhava dinheiro pintando decorações como vampiros, esqueletos e abóboras nas janelas dos vizinhos de Burbank.

Ainda na infância, assistia com freqüência aos chamados filmes lado b, tais como: “Godzilla” (1954), “Frankenstein” (1931), “Jasão e o Velo de Ouro” (1963), “The Brain That Wouldn’t Die” (1962), “King Kong”, (1933) “O Monstro da Lagoa Negra” (1954), entre outros. Mas, segundo Burton, os estrelados por Vincent Price são os “que me tocaram especificamente por alguma razão. (...) Vincent Price era alguém com quem eu conseguia me identificar, talvez da mesma forma que Gary Cooper ou John Wayne para outras pessoas” (BURTON; SALISBURY, 2000:4,5). A admiração de Burton pelo ator é notória, sendo que Price foi homenageado pelo título de seu primeiro curta, “Vincent” (Vincent, 1982), e, anos depois, atuou no filme “Edward Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands, 1990) como o criador de Edward.

Existe também um rumor sobre o relacionamento de Burton com seus pais ser conturbado. Alguns especulam que desentendimentos entre Tim e o pai (Bill) podem ser a razão pela qual, ainda aos doze anos de idade, ele mudou-se para a casa de sua avó. Bill Burton faleceu em 2003, antes das gravações de “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” (Big Fish), sem que ele e Tim voltassem a se falar. O diretor é relutante ao tratar sobre o assunto, mas afirma que o filme sobre o relacionamento de pai e filho serviu como uma forma de terapia para ele (BURTON, 2003).

Detalhes da sua vida pessoal à parte, Tim Burton foi bolsista no Instituto de Artes da Califórnia (Cal Arts), criado pela Disney com o objetivo de incentivar novos profissionais em animação. Em 1979, no seu terceiro ano no Instituto, Burton foi selecionado pelos estúdios Disney e contratado como animador. A padronização dos desenhos fez com que Burton deixasse o emprego, ele alega que quando cria-se formas específicas para produzir arte, a criatividade e liberdade do artista é limitada. Entretanto, sua experiência nos Estúdios de Animação Disney incluiu em seu currículo trabalhos como animador, desenhista e fotógrafo, e, foi através dela que Burton foi contratado para realizar seu primeiro longa-metragem: “As Grandes Aventuras de Pee-Wee” (Pee-Wee’s Big Adventure, 1985).

Tim Burton também possui alguns trabalhos como escritor. Ele é autor de contos infantis, como “A Melancólica Morte do Menino Ostra” (The Melancholic Death of Oyster Boy), lançado em 1997; de algumas das histórias usadas em seus filmes: “Vincent” (Vincent, 1982), “Beetlejuice: Os Fantasmas Se Divertem” (Beetlejuice, 1988), “Edward Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands, 1990), “O Estranho Mundo de Jack” (Nightmare Before Christmas, 1993); e, também, co-autor de um livro sobre seu trabalho como diretor de cinema, “Burton on Burton” de Mark Salisbury (1995), já mencionado aqui; além de várias coletâneas de entrevistas do diretor sobre a produção e realização de seus filmes.

Burton também é um produtor respeitado em Hollywood, assinando a produção de quinze filmes, sendo cinco deles para televisão, um em animação gráfica e nove feitos para o cinema.

Em sua carreira, Burton assina, como diretor, doze longasmetragens, três curtas e três filmes para TV. Entre seus filmes mais conhecidos estão: “Beetlejuice: Os Fantasmas Se Divertem” (Beetlejuice, 1988), “Batman” (Batman, 1989), “Edward, Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands, 1990), “Ed Wood” (Ed Wood, 1994), “Marte Ataca!” (Mars Attacks!, 1996), “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (Sleepy Hollow, 1999), “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” (Big Fish, 2003), “A Fantástica Fábrica de Chocolate” (Charlie and the Chocolate Factory, 2005) e, mais recentemente, “A Noiva-Cadáver” (Tim Burton’s Corpse Bride, 2005) [veja lista completa no Imdb].

O crítico de cinema William Arnold (2005), do Seattle Poster-Intelligencer, apesar de depreciar alguns filmes da obra de Tim Burton, ele diz que o trabalho do diretor possui uma “magia especial” e é uma contribuição à arte do cinema.


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Citações:
- Burton on Burton - Mark Salisbury & Tim Burton
- ‘Corpse Bride’ is Tim Burton at his whimsical best - William Arnold for Seattle Post Intelligencer, 23 set. 2005.
- One on one – Tim Burton. David Mills In: A Child’s Garden of Nightmares - 2002. p. 147-150